sexta-feira, 6 de maio de 2011

Para as mães

Um comentário:

Blog do Jorge Hipólito disse...

Eu ressabio que foi nos idos de 1956 ou 57 que viajei, talvez no último trem que utilizava máquina a vapor. O meu coração de menino disparava ao perceber fuligens passando pelas janelas. Minha mãe e minha irmã sentaram num banco (madeira) a frente, eu ao lado de meu pai num outro logo atrás. Perguntei ao meu pai, por que o senhor se balança e eu não consigo? Ele sorriu sob o destaque do bigode preto e disse: é porque pesa pouco, quando crescer e ficar do meu tamanho, você também vai balançar com o balanço do trem. Eu vejo aquele momento como se estivesse vendo agora. O trem da nossa vida seguiu por diversas linhas, nós tivemos alegrias, sonhos e esperanças. Minha maior tristeza foi quando meus pais, sem prévio aviso, desembarcaram numa estação qualquer. Eu continuei no trem com o meu coração de homem grande batendo compassadamente, mas produzindo lágrimas de menino. Qualquer dia, eu também desembarcarei numa estação, enquanto isso vejo meus sonhos passarem pelas janelas e os confundo com fuligens. A saudade me conforta.