terça-feira, 4 de outubro de 2011

I HOPE so

Li muito e discuti mais ainda sobre a tal propaganda da Hope com a Gisele. Certamente já se falou tudo, contra e a favor, da estratégia em causar polémica, às manifestações ignorantes, nas frases simplistas dos que acusam quem é contra, de voltar aos tempos da censura e, pior ainda, aqueles que desqualificam as vozes contrárias com os velhos chavões de mal amada, ou tribufu.

Não vejo como pura e simplesmente uma estratégia de marketing para causar polémica e chamar a atenção. Infelizmente ainda é cultural. É normal, o que tem de mais mostrar uma mulher linda, sedutora, usando suas armas pra conseguir o que deseja?
Cansei de ouvir essas e outras frases que me lembram, numa analogia rasteira, o ilegal e daí?

Só pra pegar uma tangente e não deixar passar, alguém me disse: veja o funk, por exemplo, quase todas as músicas falam em usar as mulheres, tapinha não dói e por aí vai, e faz o maior sucesso com as mulheres, de todas as classes.

Acompanho e vejo que é mesmo o maior sucesso. E assim chegamos ao ponto fundamental: a cultura machista não é exclusiva do gênero masculino, é uma doença, gosto de chamar assim, da sociedade, há séculos.

Pode não parecer, mas essas “bobagens”, como o comercial da Hope, reforçam este sentimento e contribuem para renovar e perpetuar o preconceito.

Espero que sim, que a discussão não sirva só para vender calcinha, mas traga um pouco mais de respeito próprio a todos nós.


2 comentários:

Labonia disse...

Acho que a questão aí vai além do machismo. Praticar a liberdade significa não só ter direito de ir e vir, significa respeitar o "ir e vir" dos outros. Acredito que o problema seja de "quero proibir tudo o que eu não gosto ou acho ofensivo". Exercer o poder é mais apelativo do que exercer a tolerância...

Lucia Ferreira disse...

Desculpe quem escreveu, mas, exercer o poder de analisar, o poder de discernir, o poder de tomar uma decisão, é muito mais difícil do que exercer a tolerância ,quando comodamente, basta que se diga: "respeitar o ir e vir dos outros", sem ser preciso se comprometer definindo quais as consequências que atitudes irresponsáveis como a da HOPE, que só para vender calcinhas, reforça uma noção estereotipada, embrulhada no charme de uma mulher bem sucedida em todos os sentidos.