quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aqui estamos nós... O outro lado da mesma moeda.

                                                       Foto da internet - sem crédito


Vou falar hoje do lado coroa da mesma moeda. Não na conotação de mais velho, e sim no sentido do administrador. Aquele, que ao contrário do outro, nunca mostra a cara.


Estou falando da figura do Washington.
Este sujeito não é do tipo com o qual se senta para levar um papo, ou fazer uma entrevista. Só pude chegar até ele por meios de subterfúgios que a própria Aniella orquestrou, quando disse a ela que seria fundamental ouvir este personagem. O encontro se deu em uma padaria, tipo lanchonete, em pé diante do balcão, frente a duas xícaras de café.


Pouco vamos saber sobre a vida privada desse cara muito magro, agitado como se algum dia fora vítima de uma descarga elétrica. Só cheguei, a saber, que é filho de pai desconhecido e de uma técnica em enfermagem, que se aposentou em um hospital público. Teve ou tem uma irmã, que segundo ele, se desentendeu com a mãe e caiu na vida. “Não faz o Rio de Janeiro a vagabunda, se não eu saberia”. Mais nada além disso.
Sobre seu ofício, considera um trabalho como outro qualquer, não obstante, reconheça algumas ilegalidades. No único momento em que riu, afirmou: “Já estive na “colônia de férias” por causa disso, mas só de passagem”.


Outra coisa que diz é: “Nunca obriguei ninguém a entrar nessa vida. As meninas ficam loucas pra começar logo, arrumar alguma grana, pagar uma dívida, dar algo ao filho. Todas querem pra ontem. E vou lhe dizer: falo tudo o que vão ter que fazer. Nesses anos todos só umas duas, depois de saber qual era o trabalho, sumiram. A maioria até fica meio assim, mas acaba topando. Não tem solução. O que podem fazer?”.


Perguntei: Você trabalha por conta própria, ou pra alguém? A resposta: “Ô malandro, ta achando o quê? Isso é profissional, coisa de empresa multinacional. Quem sou eu...”
Dá dinheiro, quanto por mês, em média? “Ta brincando? Milhões, muitos milhões. Mas não sei ao certo não”.


O celular dele tocou. Falou por uns minutos e se despediu: “Vou nessa, tenho uma entrega”.


Antes mandei uma última pergunta: Que nome você dá a sua profissão? “Cara, sou um manager. Ah, também aquele que leva o prazer”.


Sem dizer mais nada partiu com o celular grudado na orelha, acertando os detalhes da “entrega”.




Antes de publicar aqui, conversei com a Aniella e lhe mostrei o que gravei sem que ele soubesse. Ela apenas disse uma frase:
 “Se existe monstro nesse mundo, essa é a voz dele”.

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