Um dia, ou numa noite aconteceu. Aniella conta o que lhe pareceu especial, porém, conhecendo a fauna que circula a sua volta, manteve-se alerta. Como ela mesma diz: “Logo aprendi que puta que se apaixona se dá mal”.
Foto da internet, sem crédito
A rua estava com pouco movimento, as meninas de sempre circulavam em seus territórios. De repente, como se surgido do nada, estava lá um rapaz. Alto, moreno, cabelos muito curtos e mesmo nas sombras da noite deu pra ver que era bonito, forte e tímido. Assim que o vi e senti seu interesse, apontei pra sandália e falei assim me desculpando pela posição estranha, o vestido arregaçado na coxa. Ele não disse nada, ficou me olhando. Então parei e o encarei. Foi aí que vi aquele olhar, como dizia a Juçara: o olhar de tu existes e eu não sabia. Na hora fiquei toda arrepiada, como se um calor me aconchegasse de um jeito muito especial. Esperei sem saber o que fazer. Olhei em volta e não vi carro nenhum. Era raro aparecer alguém ali, naquela rua, a pé.
Por um tempo que pareceu muito longo, ficamos nos olhando, fixo, um nos olhos do outro, uma espécie de imã nos atraia. Ele então fez um gesto com a cabeça, tipo vamos lá, virou-se e saiu andando. Fiquei em dúvida, deu vontade de me agarrar a ele e dizer, me leva. Mas lembrei das instruções do Washington: deem preferência aos clientes de carro, normalmente tem mais dinheiro e cuidado com os malucos que aparecem aos montes. Meu coração disparou, mas achei melhor esperar. Ele então parou, voltou e fez uma espécie de reverência, sem dizer nada, mas deixando claro o convite. Fui atrás, arrastando a tira da sandália. Uma das meninas viu e fez que não com a cabeça, ignorei.
Andamos pela calçada, menos de meio quarteirão, e ele parou diante de um prédio pequeno, mas arrumadinho. Abriu uma porta de ferro e vidro, pesada e me deu passagem. Tinha sido alertada dos perigos de ir a apartamentos que não fossem de hotéis e motéis, mas ele me atraiu com seus modos gentis e aquele jeito de me olhar.
Subimos ao segundo andar pelas escadas e entramos em um apartamento simples. Como ele não disse nada em momento algum, perguntei se ele era mudo. Ele riu e disse não. Desculpou-se com um gesto e apontou o banheiro.
Assim que entrei e fechei a porta, fui tomada por uma onda de entusiasmo. No mínimo era um cara diferente. Então me segurei e disse a mim mesma: Cuidado Ane, não se iluda, a felicidade é pra poucos...”
Continua...
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