quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Aqui estamos nós... Um encontro diferente.





Um dia, ou numa noite aconteceu. Aniella conta o que lhe pareceu especial, porém, conhecendo a fauna que circula a sua volta, manteve-se alerta. Como ela mesma diz: “Logo aprendi que puta que se apaixona se dá mal”.

Foto da internet, sem crédito
  
“Era uma noite como outra qualquer, nem fraca, nem ótima. Já tinha saído com um cliente, fomos ao motel ali perto. Mais uma vez aquela coisa apressada, sem maiores emoções. Acabara de descer do carro e estava às voltas com as tiras da sandália, daquelas que amarram na perna. A desgraçada não ficava no lugar, por mais que apertasse, logo afrouxava e escorria até o chão.
A rua estava com pouco movimento, as meninas de sempre circulavam em seus territórios. De repente, como se surgido do nada, estava lá um rapaz. Alto, moreno, cabelos muito curtos e mesmo nas sombras da noite deu pra ver que era bonito, forte e tímido. Assim que o vi e senti seu interesse, apontei pra sandália e falei assim me desculpando pela posição estranha, o vestido arregaçado na coxa. Ele não disse nada, ficou me olhando. Então parei e o encarei. Foi aí que vi aquele olhar, como dizia a Juçara: o olhar de tu existes e eu não sabia. Na hora fiquei toda arrepiada, como se um calor me aconchegasse de um jeito muito especial. Esperei sem saber o que fazer. Olhei em volta e não vi carro nenhum. Era raro aparecer alguém ali, naquela rua, a pé.
Por um tempo que pareceu muito longo, ficamos nos olhando, fixo, um nos olhos do outro, uma espécie de imã nos atraia. Ele então fez um gesto com a cabeça, tipo vamos lá, virou-se e saiu andando. Fiquei em dúvida, deu vontade de me agarrar a ele e dizer, me leva. Mas lembrei das instruções do Washington: deem preferência aos clientes de carro, normalmente tem mais dinheiro e cuidado com os malucos que aparecem aos montes. Meu coração disparou, mas achei melhor esperar. Ele então parou, voltou e fez uma espécie de reverência, sem dizer nada, mas deixando claro o convite. Fui atrás, arrastando a tira da sandália. Uma das meninas viu e fez que não com a cabeça, ignorei.
Andamos pela calçada, menos de meio quarteirão, e ele parou diante de um prédio pequeno, mas arrumadinho. Abriu uma porta de ferro e vidro, pesada e me deu passagem. Tinha sido alertada dos perigos de ir a apartamentos que não fossem de hotéis e motéis, mas ele me atraiu com seus modos gentis e aquele jeito de me olhar.
Subimos ao segundo andar pelas escadas e entramos em um apartamento simples. Como ele não disse nada em momento algum, perguntei se ele era mudo. Ele riu e disse não. Desculpou-se com um gesto e apontou o banheiro.
Assim que entrei e fechei a porta, fui tomada por uma onda de entusiasmo. No mínimo era um cara diferente. Então me segurei e disse a mim mesma: Cuidado Ane, não se iluda, a felicidade é pra poucos...”

Continua...

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