Um mês atrás falávamos aqui do encontro de
Aniella, pela primeira vez, com um rapaz diferente dos outros. Queria entender
o que fazia a diferença. Só para relembrarmos as últimas palavras dela:
- Então o que fez a diferença?
“Não foi na primeira vez, não. Quer dizer, naquela
noite alguma coisa explodiu lá dentro. Não foi exatamente um orgasmo. Por
incrível que pareça, foi melhor. Me senti segura, embora ele continuasse sem
dizer nada. Me assustei quanto ele saiu de cima de mim, virou de lado e pegou
uma arma, e ficou lá lustrando o ferro que já brilhava. Não sei, mas ao invés
de medo, logo entendi que aquele rapaz, magro, alto e bonito, fazia parte do
meu mundo”.
- E depois, o que aconteceu? – Insisti.
- Foi estranho, porque ele sumiu. Passou um longo
tempo até que reapareceu. Contra todas as regras da profissão, não consegui
tirar da cabeça os momentos passados com ele. Sei lá, mas o jeito dele, mesmo
parecendo assim, distante, em outro mundo, tinha um quê de carinho. Mais até do
que isso, de cumplicidade. Pareceu, pelo menos aquela noite, que ele entendia a
coisa mais difícil da profissão, a solidão que arrasa a gente depois que a
noite acaba. Bateu em mim, que sofríamos do mesmo mal.
- E quando reapareceu como foi?
- Eu sabia que ele foi lá na rua me procurar. Seu
rosto, quando nos encaramos, revelava mais do que o desejo urgente de sempre.
Tinha alguma coisa no jeito dele de olhar que me ganhou.
- O que era essa coisa?
- Ah, nem sabia que existia, mas é o tipo da coisa
que aprendemos rápido. Era ternura.
- Então a partir daí foi uma paixão?
- Na verdade, não. Esse tipo de sentimento é muito
perigoso. Deu foi um medo danado. E esse encontro coincidiu com o pior período
que passei. Nem sei como sobrevivi.
Aniella fala sobre o tal período na próxima
semana.
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