Como prometido apresento o iniciozinho do romance policial Esfinge. É só pra dar um gostinho. Espero que gostem e peçam mais.
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Para Silva, Delegado de Polícia, titular da décima primeira delegacia, no centro do Rio de Janeiro, cinqüenta e dois anos, trinta de profissão, um metro e setenta e oito de altura, oitenta e um quilos, cabelos precocemente grisalhos, olhos claros e inquietos, um ex-atleta de praia, que agora já cultivava uma barriguinha, a noite acabara muito bem, nos braços da namorada mais recente, Ingrid, vinte e nove anos, professora universitária, uma bela ruiva descendente de poloneses, que adorava sexo, de todas as maneiras e a qualquer hora. Não tinha barreiras nem culpas. O corpo era para ser explorado e levado ao esgotamento físico em busca de muitos prazeres, dizia ela.
Mas o dia começara mal. Às seis horas, quando o primeiro sono depois da maratona noturna começava a ficar confortável, o telefone tocou e Silva recebeu a notícia de que o corpo do Policial Diniz, lotado no CORE, estava no IML. Cinco tiros de fuzil no peito e sinais de tortura. Era preciso ir lá. Ossos do ofício. Mais um osso duro de roer.
Olhou por algum tempo, o corpo abandonado, entre os lençóis de seda, azuis escuros, especiais para as visitas de Ingrid. A cor escura dos lençóis realçava a pele branca, sedosa, mas arrepiada por causa do ar condicionado. Os bicos dos seios intumescidos, róseos, apontando para o alto, convidativos, ameaçadores.
Balançou fortemente a cabeça, espantando qualquer possível tentação. Não era a primeira vez, e esperava que não fosse a última, que deixaria Ingrid na cama, ainda impregnada pelos fluidos e aromas do sexo, senhora absoluta do pequeno território que conquistara mais uma vez.
No IML, a imprensa já fazia seu show. Toda a cúpula da Polícia Civil, mais representantes da Secretaria de Segurança, do Governo do Estado e muitos policiais, andavam e conversavam por ali. A voz corrente era de que aquela covardia não passava de demonstração de poder do crime organizado. Uma falsa blitz feita pelos bandidos parou o carro do policial, que identificado, foi executado.
Isso é tudo pessoal...
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